segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Resistência é o forte

As vantagens de correr na areia para intensificar o treino, aumentar a resistência e ainda curtir o visual das praias brasileiras

Por Juliana Saporito

Aproveitar o clima de praia, sentir a brisa fresca bater no rosto e ouvir o barulhinho das ondas quebrando é muito bom. Curtir esse ambiente e ainda investir no treinamento de força e resistência para conseguir ganho na performance e manter o ritmo regular é ainda melhor.

Correr na areia, de acordo com especialistas em preparação física e médicos fisiologistas, traz muitos benefícios. Claro que é preciso tomar alguns cuidados, como evitar exageros e sempre calçar tênis apropriados, mas nada muito diferente do que já é regra quando o assunto é respeitar uma rotina de treinos correta.

Nas cidades litorâneas, é comum notar que além dos tradicionais calçadões, as areias são uma opção bastante utilizada pelos corredores. O costume vai além da geografia, e está muito ligado aos benefícios da prática, segundo explica o treinador Alexandre Maximiliano, que trabalha com as equipes Start e Ernst & Young Corrida, do Rio de Janeiro.

“Costumamos treinar bastante na areia. Além da vantagem psicológica de sentir o ambiente fresco e ainda ver muita gente bonita, o trabalho de força é muito intenso”, disse Maximiliano.

De fato, a resistência é bastante privilegiada quando se treina em um terreno “fofo”, como a areia. Isso se explica porque os pés afundam em contato com a superfície do solo, e, dessa forma, o trabalho de força das articulações aumenta muito. A musculatura das coxas, panturrilhas e até dos glúteos é altamente comprimida, garantindo ganho de massa. A velocidade também funciona com peso diferente, já que não é primordial quando corremos na areia. O importante, aqui, é “tirar o pé do chão”, mantendo a estabilidade no treino sem a preocupação de cronometrar o percurso, como é mais comum nas corridas na pista ou no asfalto.

Força no coração
Outra vantagem desse tipo de treinamento é a intensa atividade cardiovascular alcançada pelo corredor. Embora haja menor velocidade empregada, o esforço do atleta vai garantir o trabalho intenso da freqüência cardíaca. “A corrida na areia requer menor velocidade, mas a força exercida permite que a freqüência cardíaca funcione bem. A atividade cardiovascular, portanto, é privilegiada quando se corre na areia”, conta Alexandre Maximiliano.

É preciso, em todo caso, dar atenção especial a alguns fatores que podem colocar em risco a prática da corrida em um plano tão diferente dos que estamos acostumados. O primeiro e mais importante é não correr com pés descalços. Embora pareça confortável ficar em contato direto com a areia, as possíveis elevações do terreno podem machucar a planta do pé e até mesmo causar lesões mais sérias em nervos e músculos, dependendo do impacto causado. Use tênis leve sempre que for correr na praia, para evitar bolhas e também garantir sempre uma boa pisada. Outra dica é abusar de protetor solar e lembrar sempre de “renovar” a loção, de hora em hora. Usar boné também é legal para quem treina na praia, assim como caprichar na hidratação. Além da água, sucos, isotônicos e água de coco sempre caem bem.

E vale lembrar que depois de uma corrida intensa na areia, ficar na praia também ajuda a relaxar. “Andar com água pela altura dos joelhos é uma boa pedida para relaxar depois de correr. A musculatura fica mais solta e o corredor evita dores futuras”, ensina o treinador Alexandre.

Gasto de energia
Embora não haja números definitivos que comparem os ganhos e as perdas calóricos entre a corrida na pista e na areia, há indícios de que a relação aproximada de gasto calórico e emprego de força muscular equivalha a 40 minutos na areia para cada hora em pista plana. Escolher qual tipo de atividade atende melhor às necessidades individuais depende do tempo disponível para treinos e também do resultado que se deseja alcançar. Ter um programa definido, que permita variações de ambiente e intensidade e que não comprometam a estabilidade, é o que vai ajudar a garantir o sucesso nos treinamentos.

domingo, 8 de agosto de 2010

Vida Saudável



Com a corrida, que eleva o sistema imune, a mulher atleta tem melhorias na produção de hormônios, diminui a TPM e retarda a menopausa


Entre as mulheres, são comuns as reclamações dos incômodos causados pelo ciclo menstrual, como as dores, cólicas e, é claro, a temida TPM (tensão pré-menstrual). O que muitas delas não sabem é que o bom funcionamento dos mecanismos de produção de hormônios — responsáveis por tanto sofrimento — estão ligados à imunidade baixa. E que a corrida é uma excelente ferramenta para garantir maior bem-estar. 

De acordo com os especialistas, a prática das passadas contribui para evitar gripes e outras doenças e, no caso da mulher atleta, outras áreas são ajudadas. “Os benefícios no ciclo menstrual são visíveis, inclusive na melhora da TPM”, explica a ginecologista do esporte Maita Poli de Araújo.

A também ginecologista Rosa Neme faz um alerta para a mulher que pratica a corrida com cargas de treino muito intensas: “Nesse caso, o exercício pode contribuir aumentando a imunidade, mas gera um bloqueio hormonal que faz com que a mulher pare de menstruar”, explica.

Melhoras na fertilidade?
Segundo Rosa, a corrida, por coordenar os hormônios ovarianos, faz com que exista maior tendência a retardar a falência destes (motivo da menopausa). “Além disso mulheres que praticam exercícios físicos tendem a ter melhor resposta dos ovários em ciclos de reprodução assistida na estimulação desses órgãos”, completa.

Já Maita explica que ainda não é possível relacionar a corrida com a fertilidade. “Podemos afi rmar que existe uma relação direta entre o sistema imune e a fertilidade entre as mulheres não atletas. Já essa relação entre aquelas que praticam esportes ainda precisa ser estudada”, diz.

Cuidados para estar sempre bem
Com a imunidade baixa, as mulheres podem sofrer de diversos problemas. “Principalmente sintomas de infecções ginecológicas — a candidíase é a principal delas. Outras infecções podem aparecer, como as urinárias, além de maior predisposição a sintomas de gripe, entre outras”, explica Rosa.

Além disso, a ginecologista Maita alerta: “As vantagens da corrida para o sistema imune existem apenas para aquelas que praticam o exercício de maneira correta, com acompanhamento e respeitando os dias de descanso”. 

Para o futuro
A bióloga e mestre em imunogenética Roberta Foster de Paiva está realizando uma pesquisa sobre o sistema imunológico da mulher e a prática de exercícios físicos como parte de seu doutorado na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). “O trabalho fará parte de um projeto envolvendo mulheres atletas, em que serão avaliados vários aspectos, dentre eles as alterações imunológicas que se desenvolvem em modalidades esportivas de alta performance”, explica a especialista.

Por Marina Oliveira